quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Entusiasta automotivo coleciona carros antigos

                                                                                                               Por: Mateus Carvalho
Fotos: Mateus Carvalho

Em uma tarde chuvosa, atípica em juazeiro, fui na casa de Irineu Nobre, presidente do clube de carros antigos de Petrolina, para um bate papo sobre o antigomobilismo. Irineu Nobre é empresário e colecionador de carros antigos, além de um grande admirador de carros americanos. Essa paixão se espalha pela sua casa. Estilo retrô,  a casa tem sofá no formato da traseira de um carro “rabo de peixe” e até a traseira de uma kombi embutida na parede servindo de painel para a TV. A entrada da casa, que combina uma ampla garagem com uma sala de estar aconchegante, foi o espaço para a entrevista. Conversamos sobre o surgimento do clube de carros antigos de Petrolina, as dificuldades em manter e conservar esse tipo de automóvel na região e até como ganhar dinheiro com esse segmento comercial. 


Entre Relatos: Como surgiu a sua paixão por carros antigos?
Irineu: Nasci e me criei andando de carro com meu pai por esse sertão, vendendo mercadoria de porta em porta, então o carro sempre fez parte da minha vida. Tanto que essa Kombi foi a ultima que meu pai possuiu, era nessa cor, aí eu coloquei ela alí.  A placa é o nome dele e a data que ele nasceu, homenagem a meu pai. Quando eu me casei, a gente estava sem condições, sofri muito para ter um carro, eu trabalhei duro, duro mesmo, para comprar meu primeiro carro, um Corcel II, 1980. É aquela coisa, toda a vida tive vontade de ter carro, mas não tinha condições. Hoje, que eu consegui ter uma condição melhor, comecei a comprar, o problema é esse... Quando eu comprei o meu primeiro antigo, que foi o TL, aí me empolguei. Depois apareceu o Maverick, a partir daí pronto. É um abraço. Às vezes a mulher até brinca: " Não tem espaço para nada nessa casa!"


Entre Relatos: Como é a relação dela com os carros? Ela lhe apoia ou se opões ao seu fascínio por carros antigos?
Irineu: Apoia. Ela nunca se opôs Até me ajuda! Peças de reposição desses carros são bem difíceis. A gente tem que estar sempre buscando no Sul do pais porque aqui não tem. Então, é ela quem faz as compras pra mim. Hoje na internet compra-se de tudo, a maioria das coisas que a gente compra é no Mercado Livre, é uma compra segura. Graças a Deus nunca tive problemas.
Entre Relatos: Em qual momento da sua vida surgiu o Clube do Carro Antigo?
Irineu: Então, surgiu o clube do Fusca, com alguns encontros pequenos. Quando eu tive o VW TL, comecei a participar, mas quando eu cheguei tinha uma briga entre eles e saíram alguns membros, que fundaram o Clube do Carro Antigo. Então, ficamos divididos. De cara fui para o Clube de Carros Antigos, mas era um clube também morto, não acontecia nada, só existia o nome. Então, depois me nomearam presidente e comecei a unir logo com o Clube do Fusca pra gente fazer os encontros. Os dois últimos que tiveram em Petrolina fomos nós que fizemos. Depois dessa parceria, fizemos encontro em Santa Maria, Cabrobó, depois teve outro aqui em Petrolina, no shopping. A gente começou a ser chamado para fazer eventos em outros lugares também.

Entre Relatos: Quanto a manutenção desses carros, quais as dificuldades você vê aqui na região?
Irineu: Isso é um problema seríssimo que a gente enfrenta, não existe uma casa de peças especializada para carros antigos no Nordeste, só existe em Minas, São Paulo, Paraná, Rio grande do Sul... Então é muito difícil achar peças, como por exemplo para os Dodge que são os mais difíceis, uma vez que a Chrysler só ficou no Brasil até a década de 70. Em 1980, a Volkswagen assumiu a Chrysler e eles foram embora, então a gente não tem peças de reposição. Qualquer coisinha de um Dodge, por mais banal que seja ou que tu ache fútil tem o preço absurdo. Tem gente que não acredita quando a gente diz que pagou R$4.000,00 em uma peça de Dodge (risos).. É mais caro que um carro novo desses que estão em linha hoje, tem peça que é mais cara mesmo, mas é raridade né, não existe aqui. Quem quer ter um Dodge tem que estar preparado! (risos)

Entre Relatos: Se conseguir peças já é tão complicado a ponto de precisar “garimpar” em outros estados, encontrar mão de obra aqui é tão difícil quanto?
Irineu: Esse é outro problema. Petrolina é uma cidade que ninguém quer mexer com carro velho, é tanto que para se regular a porta de um carro, nenhuma loja especializada daqui vai querer pegar esses carros. Nós somos hostilizados quando chegamos pra ajeitar uma peça, eu me sinto humilhado! “ Eu lá quero mexer nessas porcarias” [ diz Irineu imitando um funcionário]. Uma vez, tive que pagar uma pessoa para me ensinar a fazer um motor, o da Kombi. Ali fui eu mesmo que fiz. Bom, fiz com ele do lado. (risos) sozinho não ia fazer nunca, então  tive que aprender algumas coisas porque mecânico especializado em carros antigos aqui na região é difícil, encontra só alguns mais velhos e tal, aquele pessoal das antigas que ainda trabalha com mecânica... dá trabalho, mas ainda acha alguém que queira mexer nesses carros. Não é uma coisa fácil.

Entre Relatos: Então, essa seria a maior dificuldade em manter um carro antigo na região?
Irineu: Exatamente. Petrolina é uma cidade que o pessoal não quer andar em um carro de 20 anos atrás, tem é vergonha. Você chega em Juazeiro do Norte, Caruaru, até mesmo em São Paulo e vê esses carros dos anos 70 andando na rua normalmente, o pessoal usa no dia a dia. Mas aqui existe essa ideia de achar que é coisa de pobre, o cara não tem nem condição mas quer fazer a pose de que é rico e não quer usar um carro velho. Então, acabam vendendo os carros para o ferro velho e não vemos mais esses carros nas ruas. Encontra apenas com colecionadores como eu.



Entre Relatos: Como você faz para encontrar esses modelos mais antigos que estão cada vez mais raros de se ver pelas ruas?
Irineu: No início, foi muito difícil. Eu não encontrava, até que eu comecei a procurar na internet, que hoje é a maior fonte para você encontrar um carro. Hoje temos grupos de Whatsapp, com um pessoal do Maranhão, de Recife, Salvador, então todo dia estamos vendo carros que há 10 anos atrás eu não imaginava encontrar para comprar e hoje encontro fácil, graças a essa rede, que nos possibilitou encontrar carros em regiões que jamais andei, como São Luiz do Maranhão e Teresina. Esse Opala aqui veio de lá, comprei pela internet graças a esses grupos. Então criou-se uma rede de contatos muito grande, qualquer coisa você joga ali no grupo e se um colega do maranhão não souber um de salvador sabe, outro de Recife sabe... e você acaba encontrando. Sempre vai ter alguém que sabe de algum carro à venda. Então, facilita muito. Quem tem carro antigo precisa participar desses grupos, porque você vai estar no meio de pessoas que sabem muito.

Entre Relatos: Em que estado esses carros chegam até você? Você procura por carros restaurados ou prefere você mesmo restaurar?
Irineu: Alguns eu comprei bem acabados e tive que restaurar. Já outros comprei pronto. O Opala eu trouxe restaurado de Teresina, o Fusca veio de Garanhuns, o Landau e o Maverick vieram daqui da região mesmo, mas já prontos, o Dodge eu trouxe de Goiás e tive que restaurá-lo por aqui mesmo. E é aí que eu encontro o problema: um pintor bom por aqui é difícil, um cara que trabalhe com a parte de tapeçaria para forrar os bancos, fazer o carpete, forrar o teto também. E os bons mesmo custam caro, então, não é fácil restaurar um carro aqui em Petrolina (risos). Para você ter uma ideia, eu tenho no mínimo 10 parachoques para cromar e não tenho como cromar aqui, Só existe uma pessoa na região que croma, mas é um cara irresponsável. No dia que eu encontrar um profissional fora, em Recife ou outra cidade, eu vou levar para cromar lá, não dá para fazer aqui.



Entre Relatos: Estamos certos de que quem coleciona veículos é porque é entusiasta de verdade e admira os carrosMas será que nesse meio existem colecionadores que usam dos carros como forma de ganhar dinheiro?
Irineu: Olha, de certa forma não deixa de ser um investimento, porque o carro antigo, ao contrário do carro novo, quanto mais o tempo passa mais ele vai valorizando. Eu tenho um amigo do clube que compra carros pra vender, inclusive, esse Maverick eu comprei dele. Então, ele não compra para colecionar, ele gosta de carro antigo, mas ele ganha dinheiro com isso. Tem muitos, muitos mesmo que fazem isso para ganhar dinheiro. É tanto que existe uma prática no meio de quem coleciona carros antigos que funciona assim: você compra um carro em tantas parcelas, e vai pagando, mas o carro fica guardado, você só pega quando terminar de pagar. É comum de quem lida com carro antigo fazer esse tipo de compra. O pessoal do Maranhão, onde eu comprei esse Opala,  faz isso direto, lá tem vários carros e eles dizem; “Ó, qualquer carro que você quiser é só você dar a entrada e vai pagando, quando você terminar de pagar a gente te manda o carro.”

Entre Relatos: Venho acompanhando o mercado de carros antigos há um bom tempo, e as vezes, me surpreendo quando vejo anúncios de carros por até R$200.000,00. Como o senhor vê essa alta valorização dos carros antigos?
Irineu: Eu acho que eles pedem esse valor, mas vender, vender mesmo não vendem não (risos). É mais especulação. O cara pode colocar às vezes só para valorizar, pra dizer que o carro dele vale muito, mas nem sempre vale isso tudo. Um Maverick mesmo, se ele for motor V8, preparado é de R$100.000,00 pra baixo, não passa disso. Mas isso é bem relativo, tem que ver o estado do carro, e cada caso é um caso. Isso é difícil de dizer, só olhando mesmo o carro pra ver o que ele tem

Entre Relatos: Você acha que a crise abalou os colecionadores ou aqueles que estão em busca de restaurar um antigo?
Irineu: Não sei te responder, até porque eu comecei a colecionar para valer mesmo de 2012 pra cá. Então não sei como era antes, não sei se era mais fácil, mas sei que atualmente é difícil! Acho que nesse momento em que estamos agora, está mais difícil ainda. Para você ter uma ideia esses pneus Cooper Cobra que nós comprávamos na faixa de R$800,00 cada, agora é R$1300,00 á R$1400,oo. Até porque esses pneus são importados, e tem muita coisa aí que vem de fora... ficou difícil

Entre Relatos: Como o você vê a cultura de carros antigos daqui a 20 anos?
Irineu: Acredito que ela só cresce. Petrolina praticamente não tinha nada, hoje já temos mais de 70 integrantes que participam do clube pelo Whatsapp. E a cada encontro que a gente faz eu fico besta com o tanto de gente que chega: “caramba, que louco! Como é que faço para acompanhar vocês?”. É gente nova, menino aí que nasceu nos anos 90 para cá, a turma nova aí que fica louca quando vê um Maverick (risos enquanto eu apontava pra mim mesmo). Então é um negócio que o cara vem de outra vida com o gosto por carros antigos, não tem como explicar isso. É incrível! Eu fico besta, porque eu na minha infância via os carros clássicos nas ruas, mas tem menino que nunca viu isso, menino que quando nasceu os carros eram Gol, Del Rey..., mas não, eles são apaixonados por carros mais antigos. Quando veem um Maverick: “ Ah eu sou louco por um carro desses! ” – Como é que esse menino sabe se nunca viu isso? (risos). Então, a tendência é só aumentar, só cresce! É um mercado em expansão, é uma cultura em expansão!

Entre Relatos: Te preocupa pensar que daqui a 20 anos talvez não teremos carros tão colecionáveis quanto tivemos a 40 anos?
Irineu: É difícil responder a isso. O pessoal olha para os carros e diz: “caramba, antigamente sim os carros eram bonitos! ”. Quem sabe se daqui a 30 anos a gente não olhe para um Hyundai Azera, um Citroen C4 Pallas, um Honda Civic, e vai dizer “poxa, como os carros eram bonitos ha 30 anos atrás!”. A gente só vai saber quando chegar lá! (risos)



Entre Relatos: Se alguém estiver fazendo planos para começar a colecionar os carros de hoje pensando para daqui ha 30 anos, que conselho você daria?
Irineu: Para quem quer colecionar, tem que ter alguma condição e ter onde guardar, pode comprar um desses carros de hoje, como por exemplo o C4 Pallas, Super carrão, lindo, mas não tem um valor de mercado bom hoje. Se puder compra e guarda. Para você ter uma ideia, tenho uma revista que conta a história da Dodge, que em 1983 um Charger, era trocado por um fogão de cozinha, e Quanto é um Charger hoje? Entre R$100.000,00 e R$300.000,00, né?  Agora imagine aí, onde é que um fogão de cozinha valeria isso tudo? (risos). Então, pode ser que um desses carros que hoje ninguém quer daqui ha 20 ou 30 anos seja artigo de luxo... mas vai ter que esperar né.


Mateus Carvalho é estudante de Jornalismo em Multimeios, na UNEB

6 comentários:

  1. Tenho uma relíquia pra vender interessados chama no zap 74988128788

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  2. boa noite tenho .um carro muito apreciado .e estou vendendo por conta do espaço onde vou mora atualmente ..meu carro e um Audi A6 2.8 motor v6 ano 94 95 eu falei impecavelmente WATSS.07182813951 VIDEOS E FOTOS DESSA RELIQUIA E QUALQUER DUVIDA

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  3. Vendi meu corcel 2 ldo 1980 motor renault pra ele ,no dia 18-03-2018 ,fui de patos pra Petrolina no corcel,645 km !! Cheguei la ,perg se ele ia testar o carro , ele falou vc andou 645 km nele ,ta mais do q testado

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